Espiritualidade é a nossa capacidade de reconhecer que temos um potencial infinito e decidir trilhar um caminho para alcançar e realizar este potencial. Dito de outra forma, trata-se de sermos capazes de reconhecer nossa verdadeira natureza de Buda, ou natureza secreta, e sermos capazes de revelar o potencial desta natureza e nosso corpo e mente.
Não se trata de ter uma religião, alguém que nos ensine algo, ou nos guie. Na verdade uma religião, um sistema de conhecimentos ou um professor são bastante úteis desde que você esteja decidido(a) a conduzir seu processo de transformação, e que de fato tragam métodos que possam ajudar você a realizar este objetivo.
O mais importante, sempre, será que você seja capaz de conduzir sua própria caminhada de transformação tanto no nível do corpo , quanto da palavra, quanto da mente, de forma consciente e responsável, e sempre reconhecer quando um determinado professor, método ou organização te ajudam ou não.
Se você está ligado(a) a uma determinada organização ou métodos, há anos, e não notou um nível substancial de transformação, então você deve verificar se tem estado de fato comprometido(a) com suas práticas. Afinal não é possível obter resultados com nenhum método se você não os pratica. Caso esteja de fato conduzindo sua prática de forma comprometida e não esteja colhendo resultados é sua responsabilidade rever sua rota e buscar novos métodos e/ou professores. Conforme as sábias palavras do mestre Tulku Lobsang Rinpoche: precisamos do Professor correto, do Método correto e do Aluno correto.
Ao longo de minha caminhada espiritual nunca encontrei métodos tão transformadores e exatos quanto encontrei no Budismo Tantrayana. Cada pessoa é de uma determinada forma e por isso são necessários diferentes métodos. A via Tantrayana é conhecida como uma via rica em diferentes métodos que trabalham com a natureza fundamental da mente por meio do uso do corpo. Esse potencial torna a via trantrayana um caminho rápido para nos libertarmos dos bloqueios que nos impedem de nos abrir a um nível mais sutil, nos transformar, e, a partir da nossa transformação, mudarmos tudo a nossa volta.
A via Tantrayana é um dos três principais caminhos ou veículos (yana) do budismo, existem, também, o budismo Theravada e o budismo Mahayana. O budismo Theravada concentra-se no ensinamento das Quatro Nobres Verdades, do Caminho Óctuplo e da meditação. É conhecido pelos votos e culto da disciplina, e nos ensina a não prejudicar os outros. O budismo Mahayana é conhecida pelo seu profundo entendimento da vacuidade e compaixão e é conhecida como o caminho que nos ensina a ajudar os outros, deste modo, está subentendido que não prejudicamos os outros.
O budismo Tantrayana também conhecido como Vajrayana, ou o Veículo de Diamante, é um caminho que nos ensina a sermos felizes conosco mesmos. Assim, automaticamente, ajudamos os outros.
No caminho Tantrayana, usamos o corpo para trabalhar com a mente. Como mente e corpo estão interligados por meio da respiração podemos usar o corpo como veículo para trabalhar coe transformar a mente e nos desenvolver no caminho espiritual. Por exemplo, quando existem bloqueios nos canais subtis do corpo, a nossa mente também fica bloqueada e tensa, o fluxo mental fica estagnado, muitas vezes apegado a único pensamento ou situação, e a ignorância do apego obscurece nossa verdadeira natureza fazendo predominar estados de mente indesejados como insatisfação, ansiedade, medo e raiva.
As práticas Trantaynas nos ajudam a liberar os bloqueios nos canais sutis do corpo e harmonizar o fluxo dos ventos e essências vitais nestes canais trazendo de volta o equilíbrio a nossa mente que se torna conectada com aspectos mais positivos como calma, alegria, abertura e clareza. Dizendo de outra forma, voltamos a revelar nossa sabedoria inata, nos reaproximar da nossa verdadeira natureza e dos seus aspectos naturais que são clareza, abertura e luz.
A via Tantrayana inclui técnicas muito especiais que nos permitem experimentar a nossa natureza de Buda de forma bastante direta e transformar nosso corpo, palavra e mente em diamante – forte, transparente e indestrutível.
Na via tantrayana não renunciamos a nada porque tudo em nós pode ser usado como instrumento de transformação. Por exemplo, os praticantes Tantrayana usam as emoções negativas, a fala, o sono, os sonhos, os problemas, tudo. Nada é rejeitado, nosso trabalho é aprender a transformar tudo em sabedoria.
Por exemplo: treinamos a nossa mente para não rejeitar os problemas, e ao invés disso encará-los como nossos professores. Afinal a vida está cheia de desafios, devemos aprender com eles. Se aceitamos tudo aquilo que consideramos negativo ou indesejado, acabamos por não considerar nada mais desejável ou indesejável, reduzimos o combate constante, o stress e acabamos por nos tornar mais felizes e por consequência mais saudáveis.
A via Tantrayana é, na verdade, uma via muito direta, e o aluno precisa ser sincero com a sua prática e bastante corajoso para estar neste caminho. Por isso precisamos ter fé no ensinamento, no professor e em nós mesmos. Do contrário não teremos motivação para continuar quando a nossa prática se tornar desafiadora. Precisamos de ter fé em que a prática correta nos trará resultados e na nossa capacidade como praticantes.